O Rio de Janeiro é a primeira capital estadual sul-americana a conquistar o título de Cidade Fairtrade, “Comércio Justo” em inglês, que reconhece o comércio alimentício cujos preços são bons para produtores e consumidores. A conquista é, em parte, fruto das ações da iniciativa Rio Alimentação Saudável (RAS), que apresentou, nesta sexta-feira (23), o balanço do trabalho em conjunto com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. A reunião foi promovida pela Câmara Setorial do Agronegócio do Fórum de Desenvolvimento, órgão da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Entre os critérios para o sucesso, também estão o cumprimento da legislação trabalhista e a produção e comercialização de um número mínimo de alimentos com o certificado “Fairtrade”. Segundo Richard Smith, membro da Secretaria Executiva da RAS, a conquista é resultado do trabalho em parceria com a Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário e garante à população carioca uma rede de estabelecimentos com produtos de comércio justo. “O Selo Fairtrade assegura que toda a cadeia produtiva de um alimento respeitou critérios de justiça social e que os preços de compra e venda satisfazem os dois lados”, explicou.

A Rio Alimentação Saudável

A RAS é uma iniciativa formada por 35 instituições, como organizações não-governamentais e institutos de pesquisa, cujo objetivo é apoiar e facilitar o fornecimento de alimentos saudáveis e sustentáveis produzidos com responsabilidade social e preços competitivos. Criada em 2013, ela usou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 como exemplo para discutir o potencial de desenvolvimento de uma nova visão alimentar. Segundo dados do IBGE, o brasileiro consome, em média, 7,5 litros de agrotóxicos por ano, o que coloca o país na primeira posição no ranking dos maiores consumidores de todo o planeta.

Resultados

Dentre os resultados do trabalho da Rio Alimentação Saudável, está a produção de um levantamento detalhado com 6 mil fornecedores de alimentos de agricultura familiar em todo o Brasil. Além disso, durante os eventos olímpicos, a RAS ainda promoveu um jantar para 150 chefes de Estado, realizou 3 dias de feira de produção orgânica em duas praças da cidade e garantiu a comercialização de 200.000 refeições provenientes da agricultura familiar fluminense nos locais de realização dos Jogos, como o Parque Olímpico. O número, no entanto, representa apenas 1,4% do total de refeições vendidas na Rio 2016.

Para a sub-diretora do Fórum, Geiza Rocha, os resultados da Rio Alimentação Saudável são positivos, mas ainda há muito trabalho para fortalecer a cadeia produtiva orgânica. “Nós vamos usar os resultados da RAS para pensar em estratégias de fortalecimento do setor. Um foco que já identificamos para a Câmara do Agronegócio e para o Fórum de Desenvolvimento é a inserção da agricultura orgânica e familiar na merenda das escolas públicas, pois existem recursos e produtores suficientes”, declarou.