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25.03.2019 - 16:44 Por Leon Lucius

DEPUTADOS QUESTIONAM DEMISSÃO DE 54 FUNCIONÁRIOS DA CEDAE

  • Por Thiago Lontra
    Comissão de Saneamento Ambiental

Presidente da companhia diz que medida vai gerar economia de R$ 100 milhões anuais, que serão investidos na comunidade da Rocinha

A demissão de 54 funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), entre engenheiros, biólogos, contadores e administradores, foi tema de uma audiência pública da Comissão de Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realizada nesta segunda-feira (25/03). Na reunião, que lotou o plenário da Casa, deputados questionaram os critérios para o desligamento dos profissionais. Segundo a empresa, a decisão foi tomada para economizar recursos.

Presidente da Cedae, Hélio Cabral Moreira, afirmou que a medida resultará numa economia de R$ 100 milhões por ano e que, com isso, será financiado um programa de saneamento na comunidade da Rocinha. Segundo ele, as obras começariam já em 2019 e levariam quatro anos para serem concluídas. Atualmente, de acordo com o censo das favelas, a maior favela do país possui cerca de 100 mil habitantes que vivem em precárias estruturas de saneamento. “Estamos fazendo reuniões com as diferentes secretarias para que elas executem as partes que são competentes ao governo, e a Cedae iniciará o investimento este ano, usando apenas a verba da redução dos 50 funcionários, sem contar as outras medidas saneadoras que serão executadas nas áreas financeira e administrativa”, declarou o dirigente da companhia.

O presidente da comissão, deputado Gustavo Schmidt (PSL), disse que existem outras formas de aumentar a arrecadação para as obras, e solicitou que a empresa entregue à Alerj, em até 60 dias, um plano de gestão e uma análise de risco que justifiquem as demissões. “Existem outras formas de economizar dinheiro para fazer investimentos importantes, como a troca dos hidrômetros, que depois de cinco anos apresentam problemas na contagem, e das tubulações antigas, que desperdiçam água e geram um custo extra”, exemplificou o parlamentar.

Demissões

O presidente da Cedae disse que o critério de escolha para as demissões, feitas há cerca de duas semanas, se baseou nos maiores salários pagos pela empresa. Durante a audiência, ele afirmou que, dentre os demitidos, havia funcionários cujo rendimento ultrapassava o salário do governador, de R$ R$ 19.680,00 mensais, e até mesmo de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo teto é de de R$ 39.300,00 mensais.

Entre os demitidos, está o engenheiro Luiz Alexandre Sá de Faria, que completaria 39 anos de Cedae na próxima semana. Ele disse que não houve uma avaliação técnica das demissões e espera que a decisão possa ser revista. “Eu gostaria que o presidente da companhia voltasse atrás e fizesse um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que desse dignidade a quem ajudou a construir a Cedae por todas essas décadas”, lamentou.

A realização de um PDV também foi uma possibilidade apresentada pelo deputado Luiz Paulo (PSDB), que argumentou que a medida seria mais vantajosa financeiramente. “O presidente da Cedae afirmou que os funcionários demitidos consomem R$ 100 milhões por ano. Seguramente, para demiti-los, ele iria tirar do caixa da empresa mais de R$ 50 milhões de uma só vez. Com um PDV, esse valor seria infinitamente menor”, comentou.

Já a deputada Lucinha (PSDB), que compõe a comissão, disse que os salários pagos são condizentes com a capacidade técnica e ao tempo de carreira dos profissionais, e acredita que as demissões têm motivação política, visando o desmonte da empresa e sua eventual privatização. “Quando você tira os funcionários que estão há anos dentro da empresa, que doaram sangue suor e lágrimas pela Cedae, isso me parece uma decisão estratégica”, comentou.

Estiveram presentes os deputados Jair Bittencourt (PP), Jorge Felippe Neto (DEM), Marcelo do Seu Dino (PSL), Márcio Pacheco (PSC), Marina Rocha (PMB), Samuel Malafaia (DEM), Thiago Pampolha (PDT) e Waldeck Carneiro (PT).

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