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20.06.2018 - 15:37 Por Vanessa Schumacker Pinheiro

CPI DOS TRANSPORTES: OBRAS DO BONDE DE SANTA TERESA SEM PREVISÃO DE RETOMADA

  • Por Rafael Wallace
    O deputado Nivaldo Mulin (PR) e o presidente da CPI dos Transportes da Alerj, deputado Eliomar Coelho (PSol), durante vistoria nos bondinhos de Santa Tereza

O presidente da Companhia Estadual de Engenharia, Transportes e Logística do Rio de Janeiro (Central), Rogério Azambuja, afirmou, mais uma vez, que por falta de recursos financeiros, as obras de expansão dos trilhos do bonde de Santa Teresa não têm previsão para acabar, assim como não há prazo para a compra de novas composições. A notícia foi dada, nesta quarta-feira (20/06), durante diligência realizada na oficina dos bondes, em Santa Teresa, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que investiga as irregularidades da gestão pública no setor de transportes.

Moradores do bairro participaram da visita, ao lado do presidente da CPI, deputado Eliomar Coelho (PSol) e do deputado Nivaldo Mulim (PR). Eles pediram que seja imediata a retomada das obras para que o bonde chegue, pelo menos, até a estação Vista Alegre. Atualmente dos dez quilômetros de trilhos que deveriam ter sido construídos em Santa Teresa, apenas quatro foram finalizados. Além disso, somente cinco bondes estão em operação, sendo que a previsão era que o sistema contasse com 14 composições.

Queixas dos moradores

Segundo o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Paulo Saad, hoje a população está sendo atendida por um sistema precário. "A jornada diária de funcionamento do bonde é pequena, de 8h30 às 17h45, o intervalo de 20 minutos é muito longo e o trecho de operação do bonde é muito pequeno, pois vai da estação do Largo da Carioca até o ponto no Largo dos Guimarães. Hoje o sistema atende menos de um quarto do que o bairro necessita”, disse. Ele falou, ainda, da falta de prestação de contas detalhada do que está sendo feito com a tarifa de R$ 20 cobrada para quem utiliza o bonde, que é gratuito para moradores do bairro, já que o custeio do serviço é feito com esses recursos.

"É um escândalo termos uma obra parada no meio e que essa precariedade tenha resultado em um desvio de finalidade. O bonde de Santa Teresa que era um meio de transporte coletivo, e atendia a toda a população, hoje não é mais. A interrupção da obra causou um oportunismo e transformou o bonde em uma linha exclusivamente turística, nosso meio de transporte não pode ser confundido com um bibelô turístico", reclamou.

Ainda segundo Saad, um acordo, que durou quatro anos, entre a Secretaria de Estado de Transportes (Setrans) e a prefeitura do Rio não está sendo cumprido. O objetivo era disponibilizar duas linhas de ônibus que atendessem ao trajeto que o bonde não está fazendo por R$ 0,80, que era o antigo valor do bonde. "Faz oito meses que estamos sem esse serviço, e o morador tem que pagar o valor total do ônibus que é R$ 3,60. A Setrans rompeu o acordo e nós que saímos perdendo", lamentou.

Presidente da Central

De acordo com Azambuja, já foi solicitada a verba para o término das obras e para a compra dos bondes novos, mas ainda não houve nenhuma sinalização positiva. "Alguns anos atrás resolveram refazer toda a obra do sistema de bondes e compraram cinco novas composições. A intenção era trazer segurança ao sistema, mas no ano de 2016, com a crise financeira do estado, o restante da verba não veio, e por isso a obra teve que ser interrompida. Sendo assim estamos fazendo o melhor dentro desses quatro quilômetros que foram concluídos", ressaltou Azambuja.

Com relação ao valor da tarifa turística, ele afirmou que foi feito um estudo para chegar a essa definição. "Antes de adotarmos esse valor, foi feita uma operação assistida que não cobrava a passagem. Com isso, vimos o número de usuários que poderiam pagar para que a operação do bonde pudesse continuar. Sem essa tarifa, não tínhamos como cobrir despesas com contas de luz, troca de peças, manutenção e confecção da carteirinha para garantir a gratuidade dos moradores do bairro", explicou. Segundo ele, essa tarifa gera uma receita de cerca de R$ 120 mil mensais e esse dinheiro é revertido em manutenção e melhoria do sistema. "Há uma auditoria mensal mostrando que esse valor está sendo investido nos bondes", afirmou.

A CPI

O presidente da CPI, deputado Eliomar Coelho, reclamou do valor da tarifa dos bondes e disse que o sistema opera de forma ineficiente. "Há a necessidade de um estudo aprofundado sobre o valor cobrado nesse transporte. O preço é muito alto, fica mais barato pegar um uber para subir, do que vir de bonde", disse o parlamentar.

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