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16.04.2021 - 18:20 Por Eduardo Schmalter

COMISSÕES DE SAÚDE DA ALERJ E DA CÂMARA COBRAM MAIS LEITOS E PROFISSIONAIS NO ENFRENTAMENTO À COVID

  • Por Reprodução da Internet

A urgência da ampliação de leitos e na contratação de profissionais para atuar no combate à covid-19 uniu as comissões de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e da Câmara Municipal do Rio em audiência pública, nesta sexta-feira (16/04). Gestores das redes federal, estadual e municipal de Saúde no estado apontaram a dificuldade de contratação de pessoal como o maior entrave para a abertura de vagas de internação. Mas o argumento foi contestado por parlamentares e entidades de classe, que apontam problemas de gestão.

O superintendente do Ministério da Saúde, coronel George Divério, afirmou que, dos 560 leitos que chegaram a ser anunciados que seriam abertos num acordo com o Governo do Estado, apenas 292 foram disponibilizados para pacientes de covid. Ele revelou ainda não ter conseguido preencher 400 vagas para profissionais de saúde na rede federal. Ele lembrou a ausência de concurso público, que não é realizado desde 2010, mas disse que os profissionais desistem quando entendem que terão que trabalhar no combate à covid-19.

“Há muita dificuldade em contratar profissionais temporários. Muitos que se apresentam não querem trabalhar diretamente com a covid. Outros profissionais em exercício não cumprem o horário de trabalho de maneira correta”, declarou Divério.

Presidente da Comissão de Saúde da Alerj, a deputada Martha Rocha (PDT) cobrou o fim do “jogo de empurra”dos entes para disponibilizar atendimentos ao cidadão.

“Seis hospitais federais têm 387 leitos próprios fechados e o Ministério da Saúde não consegue disponibilizá-los para atendimento aos doentes. Prefere culpar médicos e enfermeiros afirmando que muitos recusam o trabalho porque não querem atuar na linha de frente de combate à Covid. É um desrespeito com os profissionais que arriscam a vida todos os dias. É inadmissível que as pessoas continuem morrendo na fila de espera por leitos de UTI”, criticou.

Em 25 de março, a 23ª Vara da Justiça Federal concedeu liminar favorável à Comissão de Saúde da Alerj na ação civil pública que pede a abertura de leitos federais para covid no município do Rio e a recomposição ou reintegração dos profissionais da saúde dos hospitais que foram demitidos durante a pandemia.

A vice-presidente da Comissão, deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), lembrou que o sucateamento da rede federal vem sendo denunciado há anos. A deputada criticou a falta de liderança do governo federal nas ações contra a pandemia e também apontou falhas no processo seletivo:

“A coordenação de ações precisa ser organizada por todos os entes, mas ela é desorganizada pelo governo federal. A contratação dura seis meses. Quando entram novos profissionais, outros já estão saindo, e o déficit se mantém. Está havendo um rodízio", afirmou Rejane.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, Monica Armada também defendeu os profissionais da Saúde.

"É inadmissível que o ministério não consiga uma ferramenta melhor para contratar profissionais. É preciso vacinar profissional de saúde. Esta é a prioridade da prioridade. Faltam EPIs e as UPAS viraram depósito de paciente”, criticou.

 

Leitos fora da regulação

O secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, revelou que há no sistema de regulação do estado 3.550 leitos destinados à covid-19, contando com as redes públicas estadual, municipal e federal, além da rede filantrópica e da rede privada. Mas levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostrou que 345 leitos de CTI e 1.239 de enfermaria estavam fora do sistema de regulação.

"Não é ilegal, mas é imoral. Seriam de grande ajuda na pandemia. As informações foram passadas para o Ministério Público", afirmou o secretário.

Sobre a compra de kits de intubação, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que começaram a chegar, na quinta-feira, os medicamentos da compra nacional, que já estão sendo distribuídos aos municípios e hospitais do estado. A SES também pretende acelerar três aquisições emergenciais em curso. Esses medicamentos vão ser distribuídos a unidades do Plano de Contingência Covid, além de Upas e salas vermelhas que estão fazendo intubação.

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse que houve crescimento no número de médicos na rede, chegando a 3 mil no momento. Mas reafirmou que o desafio para a abertura de leitos ainda é a alocação de profissionais.

"O município do Rio não tem problema de estrutura de leitos, o que falta é ter recursos humanos. Viemos de uma gestão que demitiu seis mil profissionais, e estamos trabalhando nesta recomposição", afirmou.

Em resposta aos questionamento dos participantes da audiência sobre grupos prioritários de vacinação, Soranz afirmou que pretende concluir, este mês, a imunização dos profissionais de saúde. " Também tenho compromisso de vacinar todos os acima de 60 anos este mês e iniciar a dos que têm comorbidade, pessoas com deficiência, professores e segurança pública", disse.

Segundo ele, a mortalidade vem caindo no público acima de 80 anos: 'O Rio foi um dos que mais vacinaram e já se percebe esses efeitos. De modo geral, a taxa de mortalidade do Ronaldo Gazolla caiu de 53% em abril para 38% agora", relatou.

O vereador Paulo Pinheiro (PSol) que participou da moderação da reunião destacou que o momento crítico exige soluções imediatas.

 

"A situação é grave na cidade do Rio de Janeiro. Temos pouca testagem, falta de leitos. Se fosse um país, a cidade estaria no ranking das maiores taxas de mortalidade do mundo ", lamentou Pinheiro.

 

Também participaram da audiência dos deputados Waldeck Carneiro (PT) e Rubem Bomtempo (PSB).

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