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19.09.2017 - 16:46 Por Elisa Calmon

LIBERTE NOSSO SAGRADO: DESTINO DE ACERVO RELIGIOSO APREENDIDO PELA POLÍCIA SERÁ DISCUTIDO EM GRUPO DE TRABALHO

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  • Por Octacílio Barbosa
    Foto geral da reunião
  • Por Octacílio Barbosa
    O babalorixá Ivanir dos Santos
  • Por Octacílio Barbosa
    O deputado Zaqueu Teixeira (PDT)
  • Por Octacílio Barbosa
    André Lazaroni, secretário de Cultura
  • Por Octacílio Barbosa
    O diretor do Museu da Polícia Civil, Ciro Advincula

O futuro do acervo de 400 peças relacionadas às religiões de matrizes africanas, abrigadas no Museu da Polícia Civil há 80 anos, continua incerto. Para estabelecer um acordo sobre o destino dos itens, apreendidos quando essas crenças ainda eram consideradas crimes, será criado um grupo de trabalho. A decisão foi anunciada durante uma audiência pública promovida pelas comissões de Cultura, Direitos Humanos e Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira (19/09), como parte da campanha "Liberte Nosso Sagrado".

O grupo de trabalho será composto por parlamentares, representantes do Poder Judiciário, da secretaria de Cultura, do movimento negro e por lideranças religiosas.

“O diálogo é essencial porque cada peça tem uma religiosidade, um simbolismo e uma representação. O debate precisa avançar para que haja uma mediação entre o que a polícia acredita que é sua propriedade e também para que os seguidores da umbanda e do candomblé tenham a reparação histórica que buscam”, diz o deputado Zaqueu Teixeira (PDT), presidente da Comissão de Cultura.

Os deputados Marcelo Freixo (PSol), que preside a Comissão de Direitos Humanos, Eliomar Coelho (PSol), Luiz Paulo (PSDB), Wanderson Nogueira (PSol) e Carlos Minc (sem partido), presidente da Comissão de Combate às Discriminações, também participaram da audiência.

Próximos passos
Segundo o deputado Flávio Serafini (PSol), precursor da campanha na Alerj, o objetivo é buscar um consenso entre a Polícia Civil e os seguidores das religiões de matrizes africanas. Contudo, caso isso não aconteça, existem outras possibilidades em jogo.

“O Ministério Público já tem um inquérito aberto sobre isso. Então, seja através da Justiça ou por meio de uma iniciativa legislativa, queremos dar desfecho para esse caso de violência histórica”, diz o parlamentar.

Os dois lados da moeda
Segundo Ciro Advíncola, diretor do Museu da Polícia, esses objetos não são mais vistos pela instituição como apreensões, mas sim, como peças históricas. “A função de um museu não é apreender, mas sim restaurar, preservar e expor para gerações futuras”, ressalta. Apesar de estar aberto ao diálogo sobre a forma de exposição, o museu não está disposto a ceder as peças. "Podemos discutir a melhor forma de apresentação, desde que isso não signifique abrir mão das peças.”

Para o babalorixá Ivanir Santos, os itens do acervo não podem ser tratados simplesmente como objetos de exposição ou obras de arte. “Essas peças são dos nossos ancestrais. Para nós, elas têm vida, constituem nossa identidade, nossa cultura e nosso divino. Por isso, devem ser tratadas como sagradas.”

O secretário de Estado de Cultura, André Lazaroni, também reconheceu o valor simbólico das peças. “Temos que trabalhar em conjunto para identificar o acervo, valorizando o seu aspecto histórico. Além disso, essa é uma oportunidade de a Polícia Civil ceder as peças, demonstrando respeito à vida e à diversidade.”

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