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01.08.2017 - 17:38 Por Buanna Rosa

EX-FUNCIONÁRIOS DA VARIG SÃO OUVIDOS EM CPI NA ALERJ

Em 2006, 13.557 funcionários da Varig foram demitidos por telegrama após falência da primeira companhia aérea brasileira de aviação. Os números foram apresentados nesta terça-feira (01/08) por Angela Arend, ex-comissária de bordo da empresa, na primeira audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que vai investigar os desdobramentos da recuperação judicial e da falência da Varig.

Onze anos após as demissões, funcionários da Varig Brasil ainda estão sem receber a rescisão trabalhista e pensões do Fundo Aerus – dívida que, segundo Angela, já ultrapassa R$ 1,2 bilhão. Mais de duas mil pessoas morreram desde o início da crise, ressaltou a ex-comissária.

O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PSol), lembra que a Casa já discutiu o tema em 2007, e justificou a volta dos trabalhos pela necessidade de uma revisão dos fatos. “Hoje, já temos informações de que o que foi denunciado na época é muito razoável e precisamos rever essa situação”, afirmou Paulo Ramos.

O vice-presidente da CPI será o deputado Paulo Melo (PMDB) e o deputado Tio Carlos (SDD) foi escolhido relator. Os parlamentares vão ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), na semana que vem, para discutir o imbróglio.

Desemprego

Segundo o ex-comissário de bordo Elnio Borges, apenas 8% dos funcionários demitidos foram realocados no mercado de aviação, contrariando a Lei Federal 11.101/2005, que regula a recuperação judicial. De acordo com a norma, seria necessário preservar empregos. “A legislação não foi levada em consideração na venda da Varig e os funcionários foram os que mais perderam.”

Angela lembra que a maioria dos funcionários não conseguiu mais emprego por ter mais de 40 anos. “Eu sou um desses exemplos. Trabalhei 26 anos na empresa e, quando saí, não consegui ingressar novamente no mercado de trabalho.” Além disso, segundo ela, os funcionários já estavam sem receber há cinco meses quando foram demitidos: “Ficamos sem Fundo de Garantia, sem nenhuma reserva. Nos deixaram em uma situação desumana”.

Em 2015, obras de arte, lojas e imóveis da Varig foram leiloados. O valor arrecadado, R$ 70 milhões, foi dividido, por decisão judicial, entre os credores trabalhistas. No entanto, muitos ainda não receberam o dinheiro. Angela explicou que o valor foi dividido de acordo com a quantia que cada funcionário teria para receber, sendo o valor máximo de R$ 9.109 por pessoa. “Esse valor foi descontado da dívida da nossa rescisão. Mas muitos ainda nem viram a cor desse dinheiro.”

O caso Varig
Fundada em 1927, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Varig viveu seu apogeu até a década de 1970, sangrou com a má gestão e o congelamento de tarifas nas décadas de 1980 e 1990. Enterrada em dívidas de R$ 7 bilhões, a Varig mergulhou em profunda crise a partir de 2005, quando passou por processo de recuperação judicial, que se arrastou até 2009.

A falência foi finalmente decretada em 2010. As demissões começaram em 2006. Além dos funcionários demitidos, muitos aposentados ficaram sem receber seus benefícios, que eram pagos pelo fundo de pensão Aerus.

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