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20.09.2018 - 15:28 Por David Barbosa

COMISSÃO DE TRABALHO DEBATE AMPLIAÇÃO DE POLÍTICAS DE ATENDIMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE ALUNOS SUPERDOTADOS

Aos cinco anos de idade, Matheus Wyant já era capaz de fazer cálculos com frações, conteúdo que só é abordado no 5º ano do Ensino Fundamental. Antes de identificá-lo como superdotado, sua mãe, Renata, precisou lidar com as dificuldades enfrentadas pelo filho no ambiente escolar. "Ele vivia totalmente isolado porque não tinha amigos. Terminava toda a matéria em 15 minutos e nada era dado para complementar esse tempo. Precisei ir a São Paulo para conseguir fazer o teste e descobrir a superdotação dele, porque o atendimento particular no Rio é muito caro e o setor público só ampara uma faixa estreita de renda", desabafa.

A ampliação de políticas públicas para a identificação e o atendimento a crianças com altas habilidades foi discutida em audiência pública realizada nesta quinta-feira (20/09) pela Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Segundo o presidente da Associação de Pais e Professores de Alunos com Altas Habilidades e Superdotação (ASPAHS), Alex Fabiani, a atenção do estado a esse grupo ainda é insuficiente.

"Esses estudantes precisam de aprofundamento e suplementação por terem grande facilidade para aprender, mas acabam ficando no fundo da sala, desperdiçando esse potencial. A situação é ainda mais complicada em áreas dominadas pelo tráfico, porque os traficantes muitas vezes se infiltram nas escolas, percebem as habilidades dessas crianças e as aliciam para o crime", relata.

Formação docente

Para a psicóloga e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cristina Delou, os cursos de licenciatura não preparam os futuros professores para o trabalho com estudantes superdotados. "Uma série de ações foram realizadas para organizar a formação docente, mas ela não se dá como precisamos. O conteúdo relacionado à identificação de alunos com altas habilidades ainda não acontece nos cursos de licenciatura. Os professores se formam, chegam à escola e não sabem o que fazer com essas crianças", afirma.

Criado em 2006, o Núcleo de Atividades para Altas Habilidades e Superdotação da Secretaria de Estado de Educação (NAAH/S - SEEDUC) é um dos órgãos que atuam na capacitação de docentes para o trabalho com os alunos superdotados. "Nós sensibilizamos o professor para que ele possa identificar estudantes com altas habilidades e reportá-los aos Núcleos de Apoio Pedagógico Especializado (NAPES). Lá, essa avaliação pedagógica é validada e as crianças e adolescentes são encaminhados para um acompanhamento especializado", explica Márcia Netto, professora do NAAH/S.

Atendimento de baixo custo

Bruna Mathias da Cruz é um dos raros exemplos de pessoas identificadas com superdotação ainda no ensino médio. Hoje aluna de psicologia e elaborando um projeto de atendimento de baixo custo que permite identificar crianças superdotadas em apenas duas horas, ela ressalta a importância do reconhecimento da condição. "Eu estudei em escola pública toda a minha vida e não acreditava que tinha algum talento, que podia chegar a uma universidade. A partir da identificação, eu pude descobrir e desenvolver minhas habilidades", conta.

 

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